sábado, 28 de dezembro de 2013

Feminismonegro

“A vida inteira alguma coisa tentou me matar e eu me refiz Dandara Acotirene”

Retirada de http://blogueirasnegras.org


A questão racial no Brasil é sempre discutida e ainda que de modo tendencioso, acredita-se até hoje não haver preconceito e fala-se até mesmo da grande valorização do povo Negro. Entretanto, nota-se um pavor ariano à tudo que tem cor negra. Símbolos de luta e resistência são reduzidos a acessórios de beleza, nós somos vendidas e comercializadas no carnaval (que era a festa do povo), as mídias oficiais conservam e reiteram em todo momento seu papel elitista e racista, já que não passa de um sistema simbólico que legitima o pensamento de um classe branca heterossexual e rica.

Turbantes, nos cabelos loiros (na tevê) são formas de alienar e embranquecer nossos emblemas, jamais homenageiam, visto que não se pode reverenciar o que não se conhece e muito menos o que constantemente é marginalizado e criminalizado.

O feminismo amazonense tem cor: somos indígenas, somos negras, mesmo que na certidão de nascimento "amenizem" nos classificando de pardas, mas negras somos! O feminismo tem que ser emancipação feminina, humana. Se o lugar de mulher é aonde ela quiser por quê nós negras ainda não podemos dizer aonde queremos ficar?

Parece absurdo dizer que a mulher hoje fica restrita a serviços domésticos mal remunerados, mas ao acrescentar a palavra negra a frase ganha todo sentido. Nosso lugar no cenário atual fica relegado a casa, sem ter chance de escolha.

E quando trata-se de descriminar as mulheres negras, o machismo não fica só, como fiel escudeiro tem o racismo. Esses agridem e violam os restritos direitos que assistem e conseguem tocar as mulheres, negras.
A violência policial que ocorre cotidianamente é resultado do Estado que eles construíram para nos oprimir, podar e silenciar: um estado autoritário, patriarcal, machista, fascista, racista, conservador... Se hoje a classe estudantil volta a sofrer com a repressão sanguinária dos homens fardados, a comunidade negra jamais teve um recesso, uma pausa. Jamais mulheres negras tiverem um minuto de paz.

O femicídio é um termo de cunho político e legal para se referir a morte de mulheres, esse tipo de morte não simboliza somente o assassinato de mulheres por conta do seu sexo mas sim por não estar desempenhado o  papel que se espera,termo político que como vocês já previam também tem cor. Nós do Coletivo Feminista Baré temos como pauta enegrecer o feminismo, empoderar a cada dia mais e mais mulheres para que possamos unidas derrubar com nossas próprias mãos todos os sistemas opressores que recaem sobre nós.

Segue como sugestão de um som pra curtir a música combativa de Ellen Oléria, Antiga Poesia.


Abraços combativos irmãs.

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