terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Aborto :um assunto urgente.


Foto de Rodrigo Bixo Urbano-

Protesto realizado pelo Coletivo

Feminista Baré, 8 de março de 2013
Aborto é o tema que é tratado no campo da moralidade, jamais político. Quando por muito esforço de mulheres feministas, o assunto adentra os movimentos sociais libertários como pauta, ainda assim é colocado em posição secundária. Dessa forma, enquanto o tema é evitado ou não é colocado como prioridade, mulheres (feministas ou não) morrem. 

O debate moralista sobre o aborto inicia-se no questionamento de onde começa a vida do “feto” e quando o mesmo pode ser considerado ser humano. Na opinião dos religiosos, a vida começa no mesmo momento em que o espermatozoide se une ao óvulo formando o zigoto. Portanto, na opinião desse grupo, interromper essa gestação será consequentemente um assassinato cometido pela mulher que não deseja parir nesse momento.

Assim, o direito tido como inalienável à mulher é renegado (o de legislar sobre o próprio corpo), salvo sobre casos comprovados de riscos a vida da mulher e em gravidez decorrente de estupro. E nesses casos depende muito da cor da sua pele e de sua conta bancária, assim terá direito a um bom advogado (homem), convenhamos, inocência de quem pensa isso. Pra quê recorrer para um advogado se você não depende da saúda pública e pode muito bem fazer seu aborto numa clínica (com a sensação de ser mais seguro).

Quem precisa de assistência médica pública, somos nós mulheres pobres.

 

Falo isso pois creio que os danos morais e físicos para uma mulher, assim como eu que sou pobre, são bem maiores do que aquela que dispõe de recurso para amenizar ou mesmo invisibilizar a prática de abortamento. Evidente, que independente da classe social que esteja se somos mulheres somos colocadas no local da subalternidade. Acredito sim que os impactos da mulher burguesa ao abortar são os mesmos, as dores e entraves morais que serão enfrentados também, o que difere são os recursos que cada uma vai ter ou não.
Entendo como prioridade lutar pela vida, por nossas vidas. Se homem engravidasse, o aborto seria legal e seguro, quem sabe até protegido por “licença abortamento” para dar uma pausa no trabalho e poder se cuidar. Afinal, a pedra fundamental de um sistema-patriarcal- não pode ser abalado por moralismo religioso de ninguém.
Voltando a realidade companheiras, devemos ter em mente que temos que ser radicais, temos que ir na raiz dos nossos problemas.
Para nós feministas, e para alguns simpatizantes referente as nossas causas femininas, a igreja católica simboliza a base do pensamento conservador que assassina mulheres  para salvar os que ainda nem são. É importante salientar que a igreja católica simboliza, mas não monopoliza o debate anti-aborto.
A resistência tradicional das Católicas pelo direito de decidir é parte pequeníssima no pensamento majoritário católico que utopicamente fala de relação sexual para procriação, o que jamais ocorreu na história da humanidade é incentivado dentro das igrejas e recai somente sobre  nós mulheres: a responsabilidade de “se preservar” dos prazeres sexuais, assim,  quando não  fazemos as consequências são somente nossas. O aborto para muitas não é sequer pensado ou discutido, já que muitos o enxergam como quebra de dogmas, a vida da mulher não faz parte do princípios de fé, a religião atua como  legitimador das leis e o estado trata de ampará-la com instituições carregadas de tudo menos de laicidade.
O ápice do abuso estatal sobre nossas vidas é o Estatuto Nascituro, prova de que somos vistas como um aparelho reprodutor as fêmeas para procriar.
Legalizar o aborto é prioridade e urgência!
Companheiras não aceitaremos de modo passivo nenhum abuso sobre os nossos direitos. Vamos lutar de modo combativo por mais direitos para que possamos unidas, derrubar o patriarcado. Elencamos alguns motivos pelo qual somos contra o Estatuto Nascituro:

1- Se você ou uma mulher for ESTUPRADA e engravidar a gravidez não poderá ser interrompida;
2- O estuprador, se identificado, deverá registrar a criança e será reconhecido como pai da criança. Ele deverá pagar pensão alimentícia até os 18 anos, assim tendo acesso à vítima e à família dela;
3- Caso o Estuprador não seja identificado, o Estado se responsabilizará pela criança. Ou seja, o estatuto reduz a mulher à condições de reprodutora e mais uma vez desconhece a mulher como ser humano, não importando as consequências que venha a ter por uma gestação indesejada;
4- Caso a mulher cogite fazer um aborto, será considerada criminosa. Caso tenha aborto espontâneo será investigada para provar que não o provocou.
5- Atualmente, abortos de fetos sem chances de sobreviver, são permitidos. Se aprovado, o Estatuto não permitirá mais que isso aconteça, submetendo a mulher a todo tipo de mal-estar causado pela gestação;
6- Todas as pesquisas com células-tronco que podem salvar milhões de visa serão imediatamente interrompidas;
7- Ele atinge valores construídos através da luta legítima de mulheres e golpeia a liberdade individual;
8- O estatuto dá nitidamente, prioridade para o embrião, mesmo que fora do útero em detrimento da mulher, ainda que o estado não perceba trata-te de um ser humano;
9- O estupro não será mais visto como violência;
10- O estuprador pode vir a se tornar uma figura permanente na vida da mulher e de seu filho, obrigando a vítima a conviver direta ou indiretamente com ele. Querem compensar o abuso sexual com migalhas, com dinheiro. Nada silenciará nossa voz.
       



 Deixamos como dica para continuar a reflexão o documentário Fim do silêncio sobre aborto:

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